O Caminho de Santiago

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“Quem percorrer os Caminhos de Santiago, terá o prazer de desfrutar dum passeio que conciliará o espírito com a serenidade que se vivia no passado, enquanto observa os monumentos e aprecia a paisagem de cada região”.

A Caminho de Santiago, roteiro do peregrino, Conde de Almada, Lello Editores, jan 2000.


 Lanheses, com o seu rio e vale, foi desde sempre um ponto histórico de grande circulação de pessoas e bens. Recordemos que apareceram várias canoas pré-medievais na sua margem e que tudo faz indicar que a rota romana “Per a Loca Marítima” seguia por aí. Curiosa, a ela relacionada, é a lenda do Rio do Esquecimento que abordei anteriormente.

Há inclusivamente a prova documental de que nos séculos XVIII e XIX dois peregrinos estrangeiros, um que seguia para Santiago de Compostela e outro que vinha de lá, tinham morrido nesta freguesia.

CaminhoSantiagoLanhesespIsso bastaria para se perceber que este local era ponto cruzamento de um dos mais importantes Caminhos de Santiago.

Portugal cedo dá importância à descoberta, no séc. IX, do túmulo do Apóstolo São Tiago em Compostela, na Galiza. Ainda era Condado Portucalense, no séc. XI, quando o seu conde D. Henrique lhe pede a bênção pela conquista de Coimbra deslocando-se a esse lugar. A seguir a ele foram vários dos seus descendentes que o fizeram, figurando entre os mais conhecidos a Rainha Santa Isabel e o Rei D. Manuel I.

Aqui em Lanheses o trajecto proposto sobrepõe-se ao Trilho dos Romeiros (PR 22), que se dirige à Serra de Arga, separando-se dele no cruzamento que vai para o Mosteiro de S. João.

Atravessa o Rio Lima no Lugar da Passagem, em Geraz do Lima, onde há um curioso marco datado de 1742 que refere ao preço que os passageiros tinham que pagar ao barqueiro e os privilégios de quem estava livre de o fazer.

A seguir o caminho cruza a ponte românica de Linhares no ribeiro conhecido pelo nome de Olho, antes de chegar a um pequeno largo da Seara onde se fazia a pesagem das mercadorias e onde está visível um antigo forno de telha.

Logo depois encontram o espaço onde se fazia uma grande feira, hoje ligeiramente deslocada de lugar, e aí situa-se a entrada do nosso Paço de Lanheses com a sua fonte cuja água era oferecida a quem por lá passava.

A partir daí segue para a Igreja Paroquial de Santa Eulália de Lanheses e outras várias capelas, alminhas e cruzeiros.


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